Apresentação do entrevistado e da empresa VisãoGeo
3º episódio da série com a presença do Klayton Martins, CEO da VisãoGeo.
Klayton Martins é engenheiro civil e gestor empresarial. Iniciou sua carreira trabalhando com processos de giz, mapeamento geotécnico em usinas hidrelétricas e rodovias, e processos de planta cadastral e liberação de linhas de transmissão. Ainda nesse período Klayton já percebia a existência de muitas inconsistências em dados de campo (enquanto nas plantas os cards tinham uma, na descrição era necessário ajustar esses dados) área indicada era uma, que interferiam na qualidade dos projetos.
Iniciou na Visão Geo em 2003, como gerente de projetos no setor de geração e transmissão de energia, depois se tornou diretor de operações, na sequência gestão e operação até chegar à posição de CEO.
Entre 2005 e 2006 passou a atuar no contexto do mercado de energia, cuidar do controle de qualidade de dados e gestão de processos de desapropriação. Nesse período passaram a contestar as informações e questionar o porquê das inconsistências, quando os clientes sugeriram que eles também assumissem os serviços de cadastramento no campo para uma maior qualidade no tratamento e controle dos dados.
Os primeiros projetos nesse sentido aconteceram por volta de 2009, quando as ideias de oferecer todos esses serviços, necessários ao setor de energia, em um único produto. Esse produto chegou a ser o SGT2 (Sistema de Gestão Territorial para Geração e Produção de Energia) em 2011. Em 2018 o produto foi incorporado pela 4Asset, que deu continuidade à evolução do produto, criando nova identidade visual e adicionando funcionalidades ao produto, sendo que a VisãoGeo continua sendo a parceira para implementação das atividades em campo.
A VisãoGeo continua atuando em projetos de liberação de área e gestão territorial. Em 2013, passaram a trabalhar, além de hidroelétricas, com linhas de transmissão e mais recentemente com parques eólicos.
Desafios recentes na gestão territorial
Recentemente, a Visão Geo ainda passou a identificar uma demanda do mercado pela melhoria em serviços de gestão de patrimônio imobiliário e gestão territorial. Novas resoluções de órgãos reguladores como a resolução 501 da Aneel, que defende a importância das negociações pelo fim das concessões, e novas regras para transferência de patrimônio entre concessionárias, entre outras questões que deram ainda mais importância para a organização de tais informações pelas empresas.
Desde então, a Visão Geo realiza esforços para o aprimoramento dos serviços e produtos que envolvem a gestão territorial, patrimonial e fundiária, estruturando o processo de governança territorial em todas as suas etapas (implantação, operação e manutenção).
O olhar da VisãoGeo para governança territorial
Para a Visão Geo, governança territorial é um conceito muito importante na gestão para empreendimentos, mas que para ser adequadamente internalizado necessita do apoio técnico de ferramentas, estruturação de processos e dados centralizados e integrados, para que informações acerca do patrimônio, como valor, estado, dívidas, etc. estejam mapeadas, claras e bem organizadas para melhorar a eficiência da gestão.
Governança Territorial é, portanto, esse conceito de “olhar” para o patrimônio sob gestão de uma empresa ou organização e fazer a gestão disso, de forma organizada, com ferramentas e técnicas adequadas às necessidades e exigências legais, com processos bem definidos.
De modo geral, no mercado ainda é comum encontrar grandes empresas que não sabem precisar qual a quantidade e estado dos imóveis que possui, seja por falta de diagnóstico ou de falta de organização de informações, o que gera problemas em questões como financiamentos em que imóveis são usados como garantia, ou imóveis que geram mais despesas que receitas.
O que seria governança de ativos imóveis e por que isso é importante?
Empreendimentos de energia sempre visando um retorno financeiro aos investidores em prazos curtos. Para isso, uma das estratégias muito utilizadas é acelerar o processo de implantação para começar a geração de energia e, assim, tão logo quanto possível, começar a receber receita sobre o investimento realizado de forma rápida.
Isso passa, obrigatoriamente, pela liberação da área. No entanto, muitas vezes a liberação acaba travada devido ao contexto nacional de processos de regularização fundiária e liberação ambiental.
A liberação ambiental, por exemplo, exige uma série de dados e informações, como mapeamento das áreas atingidas, levantamento de famílias que ocupam o local, etc.
Portanto, se todas essas informações não estão previamente estruturadas, organizadas e preparadas para o planejamento e implementação de um projeto, é muito provável que a liberação da área leve mais tempo do que o esperado, podendo levar até mais de 5 anos para aprovação.
Em casos mais críticos, as empresas chegam até mesmo a desistir dos projetos devido ao desgaste que a falta de organização das informações gera quando há necessidade de iniciar a implementação em curto prazo.
Como uma empresa de energia pode colocar tudo isso em prática? Como fazer Governança Territorial dentro de uma empresa?
O primeiro passo é uma mudança na cultura organizacional da empresa, que deve prezar a organização das informações e definir os procedimentos padrão necessários para isso, seja por pressão interna ou externa.
Por isso, a VisãoGeo incorporou uma ideia que envolve diferentes fases. A primeira faz necessário a criação de um inventário documentando os seus imóveis e suas respectivas informações. O segundo passo é fazer um diagnóstico de cada imóvel, com a situação atual e a situação “ideal” que pode ser alcançada. O terceiro passo é a criação de um plano para conseguir a situação ideal com o maior número de imóveis possíveis.
Por fim, é necessário adotar uma ferramenta de gestão adequada para estruturação, integração e centralização das informações. Dessa forma, mesmo os imóveis obsoletos podem voltar a serem rentabilizados.
De acordo com a priorização da empresa, a VisãoGeo dá então início aos processos de regularização dos imóveis, que podem, de acordo com o plano proposto, se dar em médio ou longo prazo a depender da situação dos imóveis e da ordem de prioridades.
O que as empresas podem esperar quando conseguem regularizar seus ativos imobiliários com a Gestão Territorial?
O primeiro ganho imediato para as empresas é a clareza e precisão a respeito do seu patrimônio, o que é muito importante para a cotação de ações e valorização de mercado.
Em muitos casos, empresas descobrem ativos que não sabiam existir, e que estão gerando custos desnecessários, quando podiam estar sendo utilizados em atividades produtivas, rentabilizados, ou negociados para captação de recursos pela empresa. Em outros, empresas continuam pagando pelos impostos de imóveis que não mais possuem, simplesmente pela falta de controle e organização das informações.
Processo de fiscalização contínua, implicando na redução de custos.
Outros benefícios incluem a regularização em processo único, o que também poupa recursos e esforços da empresa, dado que ela não precisará contratar serviços de empresas diferentes e lidar com processos em frentes paralelas, e sua reputação com as comunidades.
Esse cuidado por parte das empresas se tornou ainda mais importante nos últimos anos devido aos acidentes envolvendo empresas de mineração. Hoje, a irregularidade em ações de regulação fundiária afetam até mesmo a cotação de ações das empresas na Bolsa de Valores.
Como o processo de Governança Territorial ajuda na fiscalização?
Qual é a importância da gestão regulatória para as empresas de energia?
Conforme a tecnologia evolui, evoluem as exigências dos órgãos regulatórios. Assim, cada vez mais a transparência das informações é exigida pelos órgãos.
Tudo isso deve estar conciliado com informações georreferenciadas e dados contábeis. Do contrário, as liberações de áreas e licenças ambientais podem ser travadas.
A própria resolução 501 da Aneel determina que tais informações podem ser solicitadas periodicamente. Por isso, manter essas informações armazenadas, disponíveis e atualizadas, é fundamental para que as empresas evitem riscos e consigam a eficiência ideal para os seus projetos.
Essas práticas melhoram o relacionamento com os órgãos, o que facilita a gestão dos projetos e a realização de novas ocupações para futuras intervenções.
Com a evolução desses processos, empresas que não fazem Gestão Territorial tendem a ter mais problemas com a regulação e fiscalização, além de outros aspectos da gestão empresarial.